domingo, 12 de fevereiro de 2012

Nada irá mudar.


Depois de muito tempo, na verdade, depois de ter abandonado o blog, cá estou eu novamente. Infelizmente durante esse tempo não recebi nenhuma visita e portanto esses post é mais uma forma de botar pra fora as idéias, do que uma intenção de continuar com a minha discussão. Apesar da ausência de visitantes, gostaria de agradecer à minha amiga do Blog Sou Bi (blogsoubi.wordpress.com), uma pessoa muito especial e que até hoje me ajuda muito.

Mas hoje não estou aqui para contar sobre a minha vida, ou reclamar dos atos que cometi e dos quais me envergonho. Não.
Não estou aqui para buscar explicações sobre a bissexualidade, ou sobre héteros que já tiveram relações homo e se arrependem disso. Não.
Não estou aqui buscando uma "web-terapia", palavras que por diversas vezes me aliviaram, mesmo que momentaneamente, mas que aliviaram. Não.
E nem estou aqui, para condenar essa ou aquela conduta. Não.

Hoje estou aqui para dizer que nada disso passa e nunca vai passar.Que simplesmente somos assim e não quero saber o motivo, se por natureza ou através de escolhas, mas que não importa o que eu faça ou pense, ou tente mudar. ISSO NÃO IRÁ MUDAR !!

Que não há uma religião que irá nos acolher sem ressalvas. Não há uma só sociedade onde não seremos açoitados, tidos como promíscuos, safados, indecisos, e outros adjetivos mais. A mesma sociedade que abriga cerca de 18 milhões de gays e bissexuais, somente no Brasil.
Não há uma explicação para os altos e baixos, para os dias hétero e para os dias homo. Simplesmente acontece.
Não pense que contar sobre sua opção será mais fácil, pois não será. O peso pode sair de suas costas, mas a conta que irá pagar será bem cara.
Não pense também, que aqueles que optarem por seguir uma vida hétero estarão livre das garras da sociedade. Lembrem-se, para eles não existe ex-gay, ex-bissexual, etc. Uma vez "não hétero", você sempre será excluído.

Enfim, pode parecer um post de revolta, e talvez o seja um pouco sim, mas o foco é outro. É mostrar que não importa o que você faça, não importa o quanto tente ser uma pessoa digna, do bem, trabalhadora, amiga, que ajude as pessoas.

No final, o que importa é parecer NORMAL !

Sim, é fazer parte do comum, daquilo que lemos nos livros, que vemos nos filmes, que aprendemos na escola. É constar nas páginas da bíblia, nos livros de romance, nos casais principais das novelas.
É poder chamar a torcida do São Paulo de bambi, os amigos de "ôh viado", e ser chamado de "meu homem" por sua mulher.
É ter pavor do exame de próstata, de usar camisa rosa, e de não ser sensível, pois isso é coisa de boiola.
É constar na cartilha padrão da vida. É ser o mocinho e não o bandido. É ser o Silvester Stallone e não o Cazuza.
 É ser, aquilo que eles chama de exemplo e não o alternativo, a aberração.

Falando disso, parece que passei por todo tipo de humilhação e preconceito, não é ? Mas não. Vivo na omissão dos meus pecados, dos meus erros, das minhas condutas como bissexual.

Mas posso imaginar muito bem como tudo seria se eu contasse tudo à todos, e com isso já sofro por antecipação.

Acho que um dia irei contar. Vou acabar com tudo isso e sofrer as consequências. Mas hoje prefiro viver esse padrão aí em cima.

Sou o que sou. Deus me fez assim. Uma boa parte partiu das minhas próprias ações, porém vou seguir e ver aonde tudo isso vai dar.

De uma única coisa, tenho certeza. Não importa o que aconteça, não sairei vivo mesmo.

Abraços




Um comentário:

  1. Olá amigo. Obrigado por visitar o blog.
    Entendo também o teu ponto de vista. Já vivi assim "solto" como você diz, de modo que nem me dava conta de ser bissexual. A vida dupla era tratada com normalidade. Porém em um determinado momento (e não me pergunte o porquê) a ficha caiu, e me vi num beco sem saída. Eu era bissexual, eu fazia parte da sigla LGBT, eu era mais bambi que o meu amigo são-paulino e o pior, eu nunca havia me ligado disso !!!!
    Acho que só me peguei nesse sofrimento quando percebi que as relações homo (e não relacionamentos pois nunca os tive) estavam mais me colocando pra baixo do que me dando prazer ! E foi aí que pensei em contar tudo pois achei que todos iriam entender, afinal eu também gostava de mulhere e muito. Mas não foi bem assim. Percebi tanto preconceito com os bissexuais como com os gays. Ouvi piadinhas sobre os "gilettes" de pessoas muito próximas e percebi que contar não erão algo tão fácil.
    Com tudo isso acabei me tornando essa pessoa que relato nesse blog e estou nessa situação até hoje. Claro que melhorei um pouco, afinal os dias passam, a vida acontece e não posso simplesmente parar, mas penso ainda TODOS OS DIAS em tudo o que passou e como tudo poderá acabar. Como você disse, é preciso ter esperança, ou do contrário já estamos mortos !
    Abraço

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